Roma é aquele nó na garganta ao reconhecer cenas que já presenciamos ou vivemos, é sentir agonia diante da passividade que temos dificuldade em entender, e principalmente, ser sutilmente levado a conhecer uma forma de amor extremamente pura e verdadeira.
Com plano de fundo a situação política do México em 1970, que delicadamente vai sendo introduzida no percurso da história, o filme traz muito forte a imagem de um contexto social da época e também atemporal, ilustrando duras verdades a respeito das diferenças entre classes. Acompanhando o cotidiano da família e da babá Cleo (Yalitza Aparicio), de maneira muito límpida somos envolvidos naquelas vidas, sofrendo seus dramas e nos apegando às suas dores.
O filme é uma inspiração na autobiografia do cineasta e diretor Alfonso Cuarón, o nomeando como Roma por ser o nome do bairro em que viveu a infância com sua numerosa família e duas empregadas de origem indígena, às quais dedica a produção.
A oportunidade de revisitar seu passado o fez analisar no contexto adulto algumas situações que não tinha se dado conta de ter vivido, podendo colocar uma visão mais aprofundada de sua própria historia. Cuarón quis trazer ao protagonismo a visão de vida através dos olhos de quem menos tem a oportunidade de fazer isso na vida real, e com isso nos proporcionou a oportunidade de conhecer uma criatura surpreendentemente forte, doce, e de inesgotável carinho.
Roma tem três indicações ao Globo de Ouro 2019 (Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Roteiro e Melhor Direção), ganhador do Leão de Ouro (principal prêmio do prestigiado Festival de Veneza), e forte candidato ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2019.
Um filme que com a simplicidade do preto e branco conquistou a crítica e o público com seu poder de tocar nos sentimentos e mexer com as emoções.
Disponível também na Netflix: