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Marvin se divide entre a infância de Marvin Bijoux, onde é interpretado por Jules Porier, e sua juventude interpretada por Finnegan Oldfield. O filme é inspirado no livro autobiográfico de Edouard Louis chamado “O Fim de Eddy”, no livro o autor conta sua juventude em um vilarejo pobre da França onde sofreu homofobia e tentou se encaixar a uma sociedade conservadora e cruel, porém Marvin não é uma adaptação do livro, a diretora Anne Fontaine, conhecida por “Coco Antes de Chanel” (2009), conta que queria inventar um novo destino para ele, e para isso adaptou a história tão livremente que não pôde mais considerar o filme como uma adaptação do livro.
Marvin faz parte de uma família pobre e sem cultura que vive no interior da França e seus dias se dividem entre a violência sofrida na escola por seu jeito afeminado e o desprezo dos pais, até que um dia a nova diretora do seu colégio Madeleine Clément (Catherine Mouchet) o coloca nas aulas de teatro onde ele encontra uma maneira de escapar de tudo aquilo. Após ser selecionado em uma audição para o curso de teatro, Marvin deixa sua família e vai para o internato.
Já adulto Marvin vai para Paris, decide mudar seu nome para Martin Clément, em homenagem a professora que lhe apresentou o teatro, e tem sua vida marcada por três encontros com três diferentes personagens: Abel (Vincent Macaigne) professor de teatro que o acolhe em Paris, Roland (Charles Berling) que o introduz a um mundo glamouroso onde conhece Isabelle Huppert, que interpretada por ela mesma o ajuda contar sua história nos palcos.
A história atual e da infância de Marvin não são apresentadas de forma cronológica, os acontecimentos de sua infância são introduzidos de forma que demonstram o impacto que exerceram na construção de sua personalidade e na forma como conduz sua arte, porém essas idas e vindas constantes tornam a trama arrastada e falta profundidade na hora de mostrar os anseios e as cicatrizes de Marvin, o qual quase nada fala.
Todas as atuações são excelentes, a versão adulta de Marvin, interpretada por Finnegan Oldfield é menos expressiva, mais contida, mas quando conta a sua história no teatro o ator entrega a emoção necessária. A relação com Dany (Grégory Gadebois), pai de Marvin, é um ponto interessante do filme, ele é um homem bruto, sempre preocupado com o próximo copo de bebida, mas ao mesmo tempo tenta ser melhor do que seu pai, que o batia, ao levar Marvin a estação de trem quando o menino esta indo embora para a escola de teatro, ele tenta se despedir, mas não sabe como fazer. Dany talvez seja o único personagem ao qual a profundidade necessária é dada.
Marvin é um filme que mesmo com cenas fortes de violência, principalmente na escola, mantém sua delicadeza, porém falha na hora de mostrar verdadeiramente seu personagem que parte de uma história tão complexa.
Texto de : supercinemaup