Não, não é só mais uma história de zumbis!
E também não é uma premissa o gosto por essa temática, para que “A Menina Que Tinha Dons” entre naquela lista de desejos do leitor.
Por ser extremamente emocional e reflexível, a obra de M.R. Carey consegue uma nova linhagem, dentro de um roteiro que já foi massivamente usado; traz consigo toda a experiência na ficção — Hellblazer, X-Men, Batman, Quarteto Fantástico, Lúcifer — com contextos e indagações éticas e morais.
Décadas atrás, um apocalipse zumbi dizimou quase toda população do planeta. Uma versão mutante do fungo Ophiocordyceps Unilateralis — que na vida real infecta formigas amazônicas, passando assustadoramente não só a alimentar-se delas como também a controlar seu sistema nervoso com fins de perpetuação da espécie. Privados de suas faculdades mentais, os famintos, como são designados aqueles que foram contaminados pelo parasita, visam apenas comer a carne dos seres humanos então saudáveis.
Vivendo em um abrigo militar, uma leva de crianças infectadas pelo fungo parasita têm apenas a percepção de vida em cárcere e restrito às suas celas, alimento e banho aos domingos, além das aulas regulares onde são levadas amarradas em suas cadeiras de rodas.
Elas são excepcionais por não terem sido afetadas pelo fungo da mesma maneira que os outros famintos foram, e por isso são tratadas como cobaias, a fim de procurar uma possível cura, já que elas são um exemplar vivo da mutação do parasita.
Em meio a esse cenário pós-apocalíptico, Melanie é apenas uma menina cujos sonhos são alimentados pelas aulas da professora Helen Justineau, por quem ela tem verdadeira paixão; e por sua inteligência elevada, que faz com que comece a questionar sua realidade naquela cela, e criar uma força que mudará a realidade de todo mundo.
Percebendo bem mais do que experimentos, Helen tem empatia por aquelas crianças e toda humanidade que existe nelas, e é assim que ela e Melanie começam a revolução, ao conseguir sair da base onde eram isoladas. A partir daí começam todos os percalços da vida e do caos que predomina lá fora, e todas as surpresas que encontram desbravando um mundo hostil e perigoso.
“A Menina Que Tinha Dons” te prende e faz criar com facilidade um cenário antes inimaginável, pois insere totalmente o leitor no mundo do livro, provoca questionamentos, deixa interpretativo e volúvel o conceito de “mocinhos e vilões”, e ainda tem uma das coisas mais prazerosas quando vivemos uma leitura: um final surpreendente!
Em 2016, o livro ganhou um filme.
Confira o trailer!
Anne de Green Gables – A origem da encantadora menina de sardas.