Revisitei recentemente Os Incríveis, de 2004, depois de muito tempo e
entendi, finalmente, o porquê esse filme é tão exaltado tanto pela crítica,
quanto pelo público. Além de notar o brilhantismo da obra, também fui tomado
por uma nostalgia incrível, que me trouxe boas lembranças das dezenas de
horas que passei assistindo esse filme. Somado a isso tudo, com a
aproximação, 14 anos depois, de uma continuação, me empolguei e fui ao
cinema esperançoso. E posso dizer que não me decepcionei.
O longa desse ano retoma exatamente do ponto onde o anterior parou:
Com a chegada do Escavador, a família Parr (ou Pêra) o precisa deter. Após a
batalha, rastros de destruição se espalham pela cidade, sendo detonados pela
mídia e, consequentemente, pelo público. Para mudar esse cenário, o
milionário Winston Deavor, dono da maior empresa de telecomunicações do
mundo, informa o Sr. Incrível, a Mulher-Elástica e o Gelado do desejo de fazer
com que os super-heróis voltem a ser permitidos e bem vistos pela sociedade.
A direção de Brad Bird (O Gigante de Ferro, Os Incríveis, Ratatouille) entrega sequências de ação frenéticas e bem editadas. O longa ainda é
beneficiado pela ótima trilha sonora de Michael Giacchino confere um charme e
peculiaridade aos personagens e ao filme como um todo. O design de
produção cria um visual referenciando a década de 60 e adicionando
elementos novos ao filme, e se mantem minucioso nos detalhes –
característica marcante na maioria das produções da Pixar.
O roteiro divide a trama em dois núcleos: a Mulher-Elástica trabalhando
como super-heroína e o Sr. Incrível tendo que cuidar da casa e dos filhos.
Neste sentido, a montagem é precisa em intercalar os dois, sem nunca deixar
um mais desinteressante que o outro. A trama também é eficiente em lidar com
as diferentes faixa-etária. O humor situacional envolvendo Zezé e o pai vai
fazer o público infantil e adulto rir. Além de trazer questões importantes, como o
protagonismo feminino e a manipulação de massa da mídia.
Contudo, ao passo que o roteiro desenvolve o bebê da família Parr, os
outros personagens pouco ou nada evoluem. No final do 2º ato, o filme fica
formulaico e até mesmo a reviravolta é previsível. O vilão se resume à frases
de efeito e, mesmo me esforçando, não consegui achar uma motivação clara
dele, tampouco um plano convincente. Ou seja, enquanto em Os Incríveis o
roteiro cheio de surpresas e o vilão bem construído eram pontos fortes do filme,
em sua continuação esses dois pontos são os grandes problemas.
Era muito difícil superar a obra-prima de 2004, mas, ainda assim, Os
Incríveis 2 conseguirá entreter crianças e adultos, além de continuar com suas
reflexões pertinentes sobre o mundo.