Oito Mulheres e um Segredo conta a história de Debbie Ocean (irmã de Danny Ocean) que, após sair da prisão, decide colocar em prática um plano de roubar uma joia de $150 milhões no baile anual de gala do Met, plano esse que ela demorou mais de 5 anos na prisão para planejar. Para isso, ela monta uma equipe de especialistas para concretizar seu objetivo.
O filme é um reboot/continuação da trilogia iniciada pelo filme Onze Homens e um Segredo. E, já na primeira cena, o diretor demonstra total despreocupação com as inevitáveis comparações feitas com o longa de 2001, praticamente refazendo a cena inicial deste.
A estrutura narrativa é a mesma: a formação da equipe junto com a apresentação dos integrantes, o planejamento e a execução do plano. As características e funções das personagens também lembram aos da trilogia, deixando o novo filme do universo familiar demais. Não chega a ser uma cópia, mas existe um senso de que já vimos tudo aquilo.
Dentre as atuações, Anne Hathaway se destaca dando facetas à uma personagem multidimensional, que varia entre segurança e vulnerabilidade. Sandra Bullock faz uma mulher manipuladora e ambiciosa, e Cate Blanchett e Helena Bonham Carter estão bem no papel. Porém, Sarah Poulson, Rihanna, Mindy Kaling e Awkwafina se esforçam, mas são sabotadas pelo roteiro, interpretando personagens rasas, que se resumem a suas habilidades e funções dentro do plano.
A trilha sonora dá charme ao filme, e vale ressaltar a montagem de Juliette Welfling, que é dinâmica, mantendo a trama fluída e segurando nossa atenção durante quase toda projeção. Já a direção de Gary Ross (Jogos Vorazes) até tem alguns jogos de câmera interessantes, mas não se destaca.
Diferente do filme protagonizado por George Clooney, as mulheres não encontram grandes dificuldades, e em nenhum momento tememos um problema que pode comprometer o plano. Isso tira qualquer senso de tensão no ato final, fazendo com que a principal característica de um heist movie se perca. Não é que tudo seja executado com perfeição, mas quando algo sai do planejado, é resolvido com tamanha facilidade e pressa, sem antes mesmo deixar o espectador sentir o peso da cena. No final, ainda, um personagem totalmente deslocado da trama é introduzido como tentativa de deixar o final mais perigoso, mas falha consideravelmente. No geral, o ponto alto de Oito Mulheres e um Segredo é a interação das personagens, principalmente pelo talento do elenco, mas que é pouco aproveitado pelo fraco roteiro.