Também conhecido como Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim é um dos mais importantes da Europa e acontece anualmente nos Fevereiros da Alemanha desde 1951. As premiações do Festival são consideradas entre os mais prestigiados prêmios de cinema do mundo e são chamadas de Urso de Ouro e Urso de Prata, por ser o animal símbolo de Berlim.
O Festival Internacional de Cinema de Berlim inicia a sua 69ª edição hoje, 07 de Fevereiro, e se estende até o dia 17. E como já vem sendo costumeiro em suas edições, e principalmente nos últimos anos, terá várias participações de produções brasileiras. O Brasil ganhou seu primeiro troféu em 1998, com Central do Brasil, voltando a ser premiada em 2008, com Tropa de Elite.
Em 2019 serão 11 produções participando do Festival e trazendo uma expectativa diferente a respeito delas, por conta das propostas que vão na contramão da onda conservacionista que tem ganhado força no país, e de como essas produções refletirão diante disso. Berlinale sempre teve presente em suas mostras, palestras, painéis, e em todo ambiente do Festival, questões pertinentes à sociedade, como exploração de menores, erosão de estruturas familiares tradicionais, igualdade de gênero, recriação de personagens e eventos políticos. E nesse ano não será diferente! Confira as produções que representarão o Brasil no Festival:
–Mariguella, de Wagner Moura–
Cinebiografia de Carlos Marighella, ex-deputado, poeta e guerrilheiro brasileiro que foi assassinado pela ditadura militar em 1969. Adaptação do livro “Marighella – O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo”, de Mário Magalhães. A direção é do ator Wagner Moura, que faz sua estreia na função.
–Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes–
Documentário sobre a cidade de Toritama, considerada um centro ativo do capitalismo local, onde mais de 20 milhões de jeans são produzidas anualmente em fábricas caseiras. Orgulhosos de serem os próprios chefes, os proprietários destas fábricas trabalham sem parar em todas as épocas do ano, exceto o carnaval: quando chega a semana de folga eles vendem tudo que acumularam e descansam em praias paradisíacas.
–Chão, de Camila Freitas–
A produção examina como o solo pode ser cultivado de forma sustentável, em contrapartida as lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em uma propriedade de usina de processamento de cana de açúcar no processo de declarar falência, o movimento de ocupação pressiona o governo a sancionar a reforma agrária e a redistribuir o território. Do outro lado da disputa, está em um grupo de latifundiários ricos que controlam mais o país do que foi controlado em qualquer outro momento de sua história. As forças conservadoras ligadas aos latifundiários comprometeram-se a perseguir o movimento de resistência ocupante.
–Divino Amor, de Gabriel Mascaro–
Num Brasil onde os evangélicos são maioria, a religião se estende em vários aspectos do cotidiano. Divino Amor acompanha a jornada de Joana, uma escrivã de cartório que usa sua posição no trabalho para salvar casais que chegam para se divorciar. Ela faz de tudo para levar os clientes a participarem de uma terapia religiosa de reconciliação no grupo Divino Amor. Tudo é em nome de um projeto maior para a manutenção da família sagrada dentro da fé e da fidelidade conjugal. O prazer é um presente de Deus para a manutenção da família e da procriação do reino de Deus. Mas seu esposo Danilo se confirma infértil e Joana convive com o sentimento de ter uma família incompleta. Enquanto espera por um sinal em reconhecimento pelos seus esforços, é confrontada com a crise no seu próprio casamento que termina por deixa-la ainda mais perto de Deus.
–Querência, de Helvécio Marins Jr.–
O longa conta a história de Marcelo, um vaqueiro que tem sua vida transformada após ser vitima de um grande assalto na fazenda em que trabalha, onde levaram um grande número de cabeças de gado. Com o a ajuda de seus amigos, se reconstrói para realizar seu maior sonho: o desafio de se tornar um grande narrador de rodeios. Um dia a fazenda em que vive sofre um grave assalto e o incidente o impacta profundamente. Com a ajuda de seus melhores amigos, encara o desafio de se reerguer para realizar seu maior sonho.
–A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro–
Marcelo é um dândi na faixa dos seus 40 anos que possui uma memória fora do comum. Ele é capaz de reviver memórias familiares distantes com perfeição e diz recordar de suas vidas passada detalhadamente: em uma delas, ele foi Novalis, um poeta alemão que perseguia uma rosa azul incessantemente. No entanto, Marcelo ainda não descobriu o que persegue em sua existência atual.
–Greta, de Armando Praça–
Pedro (Marco Nanini), um enfermeiro homossexual de 70 anos, fervoroso fã de Greta Garbo, precisa liberar uma vaga no hospital onde trabalha para Daniela (Denise Weiberg), sua melhor amiga. Para salvar Daniela, ele decide ajudar Jean, um jovem que acaba de ser hospitalizado e algemado por ter cometido um crime. Pedro o ajuda a fugir e esconde-o em sua própria casa até que ele se recupere e nesse período, eles se envolvem afetiva e sexualmente. Essa relação será essencial para que Pedro sobreviva à perda de Daniela, mas também cause mudanças surpreendentes em si mesmo e no modo como ele lida com a solidão. Ambientado em Fortaleza, o filme é livremente inspirado na peça Greta Garbo Quem Diria Acabou no Irajá, do dramaturgo Fernando Melo.
–Breve Historia del Planeta Verde, de Santiago Loza–
Um dia, Tania (Romina Escobar) recebe uma ligação dizendo que sua avó morreu. A mulher trans se reúne com os dois melhores amigos, Daniela e Pedro, para viajarem até o local do enterro, quando descobrem que a falecida passou os últimos anos de sua vida na companhia de um amigo inusitado: um pequeno alienígena roxo. O último pedido da avó era que Tania levasse a criatura de volta ao local onde foi encontrada. Começa uma jornada para o trio de amigos.
–La Arrancada, de Adelmar Matias–
Mesmo dedicando-se integralmente a seu futuro como atleta, a jovem Jenniffer constantemente pergunta-se a respeito do seu compromisso com a Equipe Nacional de Atletismo de Cuba. Quando seu irmão mais novo decide deixar o país em busca de novos horizontes, suas dúvidas e questionamentos aumentam, deixando-a em uma situação complicada. Co-produção entre Brasil, França e Cuba.
–Espero Tua (Re)volta, de Eliza Capai–
Um retrato do movimento estudantil que ganhou força a partir do ano de 2015 ocupando escolas estaduais por todo brasil. Acompanhando três jovens do movimento e com imagens de arquivo de manifestações desde 2013, o documentário tenta compreender as ocupações e as suas principais pautas a partir do ponto de vista dos estudantes envolvidos.
–Rise, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca–
A produção acompanhou o grupo – que valoriza histórias de amor, trabalho e justiça – em uma estação de metrô recém-inaugurada em Toronto, que simboliza a união entre cidade e periferia. A linguagem do filme torna tênue o hibridismo entre documentário e ficção e valoriza a poesia e o multiculturalismo. O filme investiga a trajetória desses poetas e cantores que participam de RISE, projeto do poeta canadense Randell Adjei, que desde 2012 provoca esses jovens a contar suas histórias e experiências pessoais em melodia. O movimento utiliza o conceito de edutainment (education e entertainment) para expandir o universo cultural desses descendentes de africanos e caribenhos que, muitas vezes, são marginalizados pelas origens periféricas e associados à realidade violenta e misógina.
Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim